Consideramos que há quatro aspectos fundamentais para a realização de boas pesquisas em Educação: atenção ao contexto educacional, aplicabilidade, rigor metodológico e boa comunicação com o público alvo. Nesta página, reunimos todos os nossos estudos, organizando-os por temáticas.

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Esta página traz livretos, análises e artigos sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no Saeb, no Ideb, no Pisa e no Pirls, além de dados do Indicador de Permanência Escolar, criado pelo Iede para mensurar o total de crianças e jovens que abandonam a escola sem ter concluído a Educação Básica.

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Contribuições ao Debate - 23/04/2018

G1: Estudantes indígenas são os que menos contam com apoio público para pagar a universidade

No Dia do Índio, 19 de abril, levantamento do G1 mostra que 63% dos indígenas não conseguiram vaga gratuita ou não foram selecionados pelo Fies ou pelo Prouni para custear faculdade privada.

Os estudantes indígenas formam o grupo com menor percentual de atendimento nas três principais políticas públicas de acesso ao ensino superior. Segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, 63% dos indígenas que estavam matriculados em 2016 não conseguiram vaga na rede pública, não foram selecionados para contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e nem para obter bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) para custear faculdade privada.

Os dados que mostram a participação dos indígenas no ensino superior integram o detalhamento do mais recente Censo disponível, organizado pelo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O perfil dos universitários segundo suas autodeclarações de cor/raça foi analisado pelo G1 a partir de um levantamento de dados feito pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).

Dos mais de 49 mil índios no ensino superior, 12.348 estão na rede pública (25%) e 36.678 estão nas universidades privadas (75%). Esses números incluem os cursos presenciais e a distância. A divisão com maioria na rede privada está dentro da média geral dos universitários brasileiros: em 2016, o país tinha 8,048 milhões de universitários e 6,05 milhões estavam na rede privada (75,3%).

Se o levantamento considerar exclusivamente o total de universitários na rede privada que não contam com nenhum tipo de financiamento e nem bolsa do Prouni, o percentual de indígenas que banca sua própria mensalidade chega a 71%. O índice é praticamente idêntico ao dos autodeclarados negros (70,5%).

Essas realidades são vistas com histórias como a de Ingrid e Fetxawewe, dois indígenas moradores de Brasília. 

Vestibulares e localização

Os processos seletivos, as políticas de permanência e a localização dos campus são pontos apontados por especialistas como impeditivos para mais matrículas das diferentes etnias indígenas na rede pública.

“A maior presença em universidades particulares pode ter a ver com o fato de elas serem realmente mais acessíveis. Não tem o funil de alguns vestibulares, e muitas vezes elas estão em localidades mais próximas das terras indígenas.” – Antonella Tassinari, pesquisadora e antropóloga

Ao mesmo tempo, a pesquisadora e antropóloga aponta que as políticas implantadas com reservas de vagas ajudaram a diminuir a distância entre os estudantes indígenas e as universidades públicas. As políticas de permanência precisam, no entanto, de uma análise permanente.

“Ficar na universidade é uma grande batalha dos estudantes indígenas. (…) Os primeiros meses são sempre uma batalha de como eles vão se manter.” – Antonella Tassinari, antropóloga

Em algumas universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a questão do processo seletivo é levada em conta. Uma prova específica é aplicada para os estudantes indígenas que pretendem concorrer às vagas extras criadas – além do número separado pela lei de cotas, outras 10 vagas são destinadas no total.

O processo seletivo, segundo pesquisadores, apresenta questões que na maior parte das vezes estão ligadas a um cotidiano que não reflete a cultura indígena.

“Até 2008 não tínhamos o registro de indígenas cursando uma graduação na universidade. Nenhum estudante na UFRGS em 80 anos de universidade. Só isso já é um avanço. Hoje, a gente tem em torno de 75 indígenas cursando as graduações”, afirma Michele Doebber, pesquisadora da universidade gaúcha que analisa a política de recepção dos indígenas.

“Só o impacto dessa presença no cotidiano já traz questionamentos. As mulheres que levam para aula os filhos, essa presença que de alguma forma provoca na sala de aula o ponto de vista indígena.” – Michele Doebber

Leia a reportagem na íntegra no site do G1