Iede Pauta nº 1: A Prova Brasil e o seu impacto na educação pública
Número de escolas com bons resultados no Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental cresceu mais de 300 vezes em dez anos
O começo do Saeb
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) teve sua primeira aplicação na década de 1990, de forma amostral para escolas da rede pública que ofertavam 1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do ensino fundamental. A partir de 1995, começou a ser aplicada utilizando a metodologia da Teoria de Resposta ao Item (TRI).
Em 2005, o Saeb sofreu uma grande reestruturação e passou a ser composto por duas avaliações:
1. A Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb);
2. A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida nacionalmente como Prova Brasil.
Enquanto a Aneb se manteve amostral, a Prova Brasil passou a avaliar de forma censitária escolas públicas com um número mínimo de estudantes matriculados na 4ªsérie/5º ano e/ou na 8ªsérie/9º ano do ensino fundamental que permitisse a mensuração.
A criação do Ideb e o impacto na educação
- Em 2007, foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado a partir das taxas de aprovação e dos resultados na Prova Brasil de cada escola.
- Como a Prova Brasil censitária surgiu em 2005, foi calculado o Ideb equivalente para esse ano.
- Com a criação desse indicador, as escolas passaram a monitorar mais seus resultados e a estudar os descritores da Prova Brasil nas áreas de matemática e língua portuguesa.
- O Ministério da Educação (MEC), por sua vez, traçou metas de desempenho bianuais para cada escola e cada rede até 2021.
Novidade de 2017: Prova Brasil para o ensino médio
- Em 2017, a Prova Brasil passou a ser censitária para alunos do 3º ano do ensino médio da rede pública (até então, era somente amostral).
- Tal mudança viabilizará o cálculo do Ideb por escola e pode auxiliar no diagnóstico do cenário nessa etapa tão desafiadora da educação básica.
Veja na apresentação a seguir a evolução no número de escolas com bons resultados no Ideb entre 2005 e 2015
A Prova Brasil e o seu impacto na educação pública
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O que pensam os especialistas?
Ernesto Martins Faria, especialista em avaliações educacionais e fundador do Iede:
“A existência da Prova Brasil por si só, obviamente, não garantiu a aprendizagem dos alunos. Mas foi e é um importante mecanismo de diagnóstico das redes de ensino e de orientação do trabalho desenvolvido na escola. Se houver accountability e acompanhamento em relação aos resultados do ensino médio, o que acontece pouco no que se refere aos resultados do Enem das escolas públicas, algumas escolas poderão ter mais norte para avançar”.
Tadeu da Ponte, especilaista em métricas educacionais, professor do Insper e pesquisador do comitê do Iede:
“A avaliação por escola permite que cada uma identifique suas principais lacunas e concentre esforços para melhorar a aprendizagem dos alunos. A escola, a partir dos resultados da Prova Brasil, passa a saber o que e o quanto precisa melhorar.”
O que pensam educadores de algumas escolas que avançaram?
Ademir Almagro, professor de história e coordenador pedagógico da EMEB Professora Hebe de Almeida Leite Cardoso, em Novo Horizonte (SP):
“A Prova Brasil chacoalhou a educação de forma geral. Algumas redes, não todas, começaram a acordar para os problemas. O que antes era achismo virou certeza. Os descritores da avaliação, quando seguidos em sala de aula pelos professores, ajudam a dinamizar a disciplina e a torná-la mais envolvente.”
Willman Costa, gestor do Colégio estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro:
“A Prova Brasil foi muito importante para direcionar o nosso trabalho. Uma coisa é fazer avaliação dentro da instituição e outra, de órgãos externos que medem habilidades que você não mediria. Nós, professores e gestores, precisamos muito de norte e feedback. Digo que a Prova Brasil foi e é fundamental, mas não é suficiente. Faltam outras avaliações em larga escala, outras evidências, que dêem suporte a ações de melhoria na educação.”