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Contribuições ao Debate - Valor Econômico 02/06/2023

No Pisa, brasileiros aparecem abaixo da média da OCDE e de vizinhos da AL

Brasil vai mal em avaliações de ensino internas e também em relação a outros países
Por Marsílea Gombata — São Paulo

02/06/2023 11h20

O Brasil vai mal em avaliações internas e também em relação a outros países. Além de queda nas provas nacionais, estudantes brasileiros aparecem com defasagem em relação a países desenvolvidos e vizinhos latino-americanos. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), brasileiros de 15 anos aparecem abaixo da média da OCDE e de países como Uruguai e Chile, diz Daiana Zanon, gerente EduLab 21, do Instituto Ayrton Senna.

O último Pisa, de 2018, mostra que em leitura 50% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível 2, 50% no nível 2 ou mais, sendo 2% em níveis mais altos de proficiência. “A OCDE recomenda que os estudantes atinjam pelo menos o nível 2, considerado o nível básico de proficiência para que o jovem possa aproveitar oportunidades de aprendizagem e participar de um mundo globalizado”, afirma Zanon.

Na média dos países da OCDE, 22% estão abaixo do nível 2 e 78% nos níveis mais altos, sendo 8% nos mais altos de proficiência. No Chile, 32% estão abaixo do nível 2 e 68% no nível 2 ou mais, sendo 2% nos mais altos. No Uruguai, 42% aparecem abaixo do nível 2, 58% no nível 2 ou mais, sendo 1% nos mais altos. Em matemática, 68% dos brasileiros aparecem abaixo do nível 2, longe da média da OCDE de 24%, de 51% do Uruguai, e 52% no Chile. Os alunos com alto nível de proficiência chegam a 1% no Brasil, no Uruguai e no Chile, em contraste com 11% nos países da OCDE.

Em ciência, o Brasil tem 55% dos estudantes abaixo do nível 2, o Uruguai, 44%, o Chile, 36%, e os países da OCDE, 22%. O Brasil tem 1% nos níveis de proficiência mais altos, assim como Chile e Uruguai, e os países da OCDE têm 7%. Daiane lembra que o desempenho do Brasil em matemática evoluiu de 2003 a 2009, mas desde então permanece estagnado, assim como em leitura e ciências. “As implicações [disso] são estudantes que não conseguem participar de forma plena da sociedade”, diz. “É preciso desenvolvê-los de maneira holística, com conteúdo mais conectado à realidade.”

Na Finlândia, diz Zanon, o currículo tradicional busca desenvolver também pensamento crítico ao ensinar o aluno a detectar manipulação de estatísticas. “Habilidades como ciências e matemática fazem falta em áreas como engenharia, computação, mas também em humanas”, diz Ernesto Faria, diretor do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede). “Precisamos de maior engajamento”.

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