TIMMS 2023: avaliação internacional revela baixo desempenho do Brasil em Matemática e Ciências no Ensino Fundamental
Pela primeira vez, o Brasil participou do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês), uma avaliação internacional de aprendizagem aplicada a estudantes do 4º e 8º ano do Ensino Fundamental. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (4) e revelam o grande desafio que o Brasil enfrenta nas duas disciplinas desde os anos iniciais, mas, em especial, em Matemática.
Havia muita expectativa sobre esses dados, pois não tínhamos informações sobre como o Brasil se sairia em Matemática e Ciências, nos anos iniciais em perspectiva internacional – o Pisa, principal avaliação internacional de estudantes, é aplicado apenas a alunos de 15-16 anos, quase ao fim de sua escolarização básica.
O TIMMS acontece a cada quatro anos, desde 1995, e é uma iniciativa da Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA, na sigla em inglês) e envolveu 64 países e seis economias de referência. Veja, a seguir, alguns dos principais resultados do Brasil na avaliação.
Matemática
No 4º ano do Ensino Fundamental, o Brasil obteve média de 400 pontos, 103 pontos atrás da média dos países desenvolvidos (503). Dentre os 63 países com notas para essa etapa, o Brasil ficou à frente apenas de Kuwait (382) e África do Sul (362) e, considerando o intervalo de confiança da nota, no mesmo patamar de Marrocos.
A IEA indica que 400 é o patamar mínimo esperado dos estudantes e demonstra que eles têm uma compreensão básica de conceitos matemáticos. Conseguem somar e subtrair números inteiros de até três dígitos, multiplicar e dividir números inteiros de um dígito, e resolver problemas simples. Podem também ler dados a partir de diferentes representações e completar gráficos de barras simples.
No Brasil, 51% dos estudantes não alcançaram esse nível básico. Na comparação com a média dos países participantes do TIMMS, apenas 9% ficaram abaixo desse nível mínimo de desempenho. Em 15 países desenvolvidos, praticamente todos os estudantes (95%) chegam ao menos ao mínimo.
No 8º ano do Ensino Fundamental, a situação é ainda mais grave. A média do Brasil foi 378 pontos, abaixo do nível mínimo, e 100 pontos atrás da média dos participantes (478). Com isso, empatou com o Marrocos e ficou à frente apenas da Costa do Marfim (263).
O percentual de estudantes abaixo do mínimo subiu para 62% – percentual que fica em 19% na média dos países participantes do TIMMS. Além disso, nas duas etapas, pouquíssimos alunos alcançam pontuação dos níveis alto e avançado.
Ciências
O desempenho do Brasil em Ciências é um pouco melhor que em Matemática, mas a pontuação ainda muito distante da média dos países participantes da avaliação.
No 4º ano do Ensino Fundamental, o Brasil tem média de 425 pontos, à frente de países como Uzbequistão (412), Kosovo (403), Marrocos (390) e África do Sul (308), mas atrás da da média dos participantes do TIMMS (494). No 8º ano, há uma pequena queda na média do Brasil (420), que segue bem atrás da média dos participantes do TIMMS (478).
Ao analisarmos o desempenho dos estudantes brasileiros em Ciências por nível de aprendizado, os resultados também são um pouco melhores que em Matemática. Ainda assim, no 4º ano do Ensino Fundamental, 39% dos estudantes brasileiros não atingiram a pontuação mínima (400) em Ciências – a média dos países participantes do TIMMS nessa situação é de 10%. No 8º ano, esse percentual tem um aumento: 42% dos estudantes brasileiros não alcançaram a pontuação mínima em Ciências, na média dos países participantes da avaliação esse número é de 20%.
Para saber mais, leia contribuições do Iede ao debate sobre os resultados da Avaliação:
Estadão: Análise | Como tirar o Brasil dos últimos lugares do ranking global de Matemática?
Correio Braziliense – Opinião | TIMSS 2023: mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova