Consideramos que há quatro aspectos fundamentais para a realização de boas pesquisas em Educação: atenção ao contexto educacional, aplicabilidade, rigor metodológico e boa comunicação com o público alvo. Nesta página, reunimos todos os nossos estudos, organizando-os por temáticas.

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Esta página traz livretos, análises e artigos sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no Saeb, no Ideb, no Pisa e no Pirls, além de dados do Indicador de Permanência Escolar, criado pelo Iede para mensurar o total de crianças e jovens que abandonam a escola sem ter concluído a Educação Básica.

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Contribuições ao Debate - 26/09/2024

Seminário do Iede debate futuro das avaliações brasileiras e como utilizá-las para promover a aprendizagem e combater as desigualdades

O seminário “Avaliações e indicadores para uma nova agenda educacional”, realizado na última terça-feira (24/9), em São Paulo (SP), promoveu um debate sobre como os dados podem auxiliar na construção da educação que queremos para o País. 

Abrindo o seminário, Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede, explicou a atuação do instituto como centro de pesquisas e formação e seu papel na promoção de discussões sobre avaliações, indicadores e uso de evidências para a promoção do aprendizado e da equidade. Ele ressaltou ainda a autonomia do Iede na realização de estudos e análises na área da educação, graças ao importante apoio institucional da Fundação Lemann e da B3 Social. 

Ernesto apresentou a mudança na identidade visual do Iede, que completa sete anos de sua criação. A nova logomarca remete a gráficos e estatísticas, mas também a pessoas, afinal, analisamos os dados tendo sempre em mente o fato de que eles refletem a vida de estudantes e educadores de todo o País. A diversidade de cores e tamanhos da imagem ainda representa nossa preocupação com o combate às desigualdades, um dos pilares da nossa atuação. 

“Nosso site também foi totalmente reformulado e sua nova organização mostra de forma mais clara nossas principais frentes de atuação e áreas de estudo”, destaca Ernesto Martins Faria

O QEdu, a maior plataforma aberta de dados educacionais do Brasil, cuja gestão é feita pelo Iede, também ganhou uma nova logo, que busca evidenciar seu trabalho com gráficos e dados e a preocupação em apresentar de forma muito didática e intuitiva informações complexas.

Painel sobre as avaliações que precisamos para a educação que queremos

No primeiro painel, José Francisco Soares, o Chico Soares, que é professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-presidente do Inep, falou sobre a necessidade de uma avaliação que seja formativa, com questões que contribuam para o aprendizado e para a reflexão. Ele apresentou as habilidades que diferentes tipos de tarefa exigem do estudante e criticou o atual modelo brasileiro de avaliação, que inclui apenas resoluções de tarefas muito simples, que mobilizam a memória de curto prazo, mas falham em demandar outras habilidades, como a aplicação de conhecimentos, compreensão e memória de longo prazo. Por isso, o professor defende a necessidade de um novo Saeb para o Brasil.

“Nossa avaliação pública é uma máquina de exclusão, pois não dá a possibilidade de aprendizado ao estudante, traz questões muito simples, que não passam do primeiro nível de aprendizado”, explica Chico Soares 

Mariane Koslinski, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também participou do debate. Em sua apresentação, ela ressaltou a importância de usar as avaliações realizadas para induzir políticas e o planejamento de ações. Ela defendeu a necessidade de formações sobre os indicadores educacionais para professores e gestores, mas enfatizou a importância de mostrar como essas informações podem apoiar o ensino: “Não basta explicar o que os dados significam, é preciso mostrar aos educadores o que fazer com eles, como utilizá-los para planejar o trabalho pedagógico”.

 

Painel sobre uso de dados no combate às desigualdades educacionais

O segundo painel discutiu como os dados e as evidências podem ser utilizados para promover a equidade na educação. Cristina Lopes, diretora-executiva do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), apresentou alguns dados sobre desigualdades raciais na Educação Básica brasileira. Ela contou que os pais de estudantes muitas vezes têm dificuldade para definir sua cor/raça e a de seus filhos, ao passo que redes e escolas se sentem constrangidas a perguntar sobre o tema. “É necessário que os educadores falem sobre isso com as famílias e expliquem porque é necessário conhecer esses dados, de modo a pensar em políticas que combatam as desigualdades”, defende. Cristina ainda ressaltou a importância das informações sobre cor/raça para a dimensão subjetiva dos alunos: “essa é uma forma de dizer que aquelas pessoas existem naquela escola, que não estão sozinhos e que são vistos e esse não é um aspecto menor”, reforça.

Para Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, “não podemos subestimar a importância das redes de ensino se debruçarem sobre os dados”. Ela cita como exemplo a importância do monitoramento da frequência escolar.

 “Quando há esse acompanhamento diário, a rede começa a perceber padrões, a entender quais estudantes faltam mais, quais têm faltas toleradas ou até desejadas pelos professores. Ao compreender isso, é possível pensar em ações para promover a frequência”, ressalta Patricia Mota Guedes

Já o secretário municipal de Educação de Eusébio (CE), Júlio Cesar Alexandre, que também já foi secretário de Sobral (CE), contou sobre a avaliação externa realizada em sua rede, que correlacionou dados de alfabetização e aprendizado adequado a informações de cor/raça dos estudantes. Ele explica que, após a construção dos dados, é preciso integrá-los e saber o que fazer com eles.  No município, as informações coletadas apoiam a criação dos mapas curriculares da rede, desenvolvidos pelos professores, diretores e coordenadores pedagógicos anualmente. “Um dos eixos fundantes desse modelo é a construção e análise dos dados e seu uso na prática pedagógica dos professores. Em Eusébio criamos um sistema de integração de indicadores que impactam na aprendizagem”, diz. 

Participando como moderadora da mesa, Lecticia Maggi, diretora de Projetos no Iede, contou sobre a experiência de uma escola nessa temática, relatada no Guia para realizar um bom diagnóstico da equidade racial iniciativa do Iede, Centro Lemann e Fundação Lemann. Após levantar informações sobre a cor/raça dos estudantes, a escola descobriu que 60% deles se consideravam pretos ou pardos e passou a incluir a cultura, a história e a literatura negra em seu currículo cotidiano, e não apenas em datas específicas, como o 20 de novembro (Dia da Consciência Negra). 

 

Em breve, divulgaremos o registro completo do seminário: acompanhe nosso site ou nossas redes sociais para ser informado sobre a publicação do vídeo.

Veja mais fotos do evento na galeria abaixo.

  • Painel sobre uso de dados no combate às desigualdades
  • Professora Mariane Koslinski, da UFRJ
  • Ernesto Martins Faria, do Iede
  • Lecticia Maggi, do Iede
  • Cristina Lopes, do Cedra
  • Julio Cesar Alexandre, secretário de Educação de Eusébio (CE)
  • Patrícia Mota Guedes, do Itaú Social
  • Equipe Iede
  • Professor Chico Soares, da UFMG
  • Recepção do Seminário
  • Participantes do seminário
  • Participantes do seminário
  • Café de recepção
  • Participantes do seminário
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