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Contribuições ao Debate - Nova Escola 20/12/2018

Os benefícios de trabalhar dança com os alunos

Prática ajuda estudantes a expressarem melhor seus pensamentos e sentimentos. Aula de artes não deve ficar restrita a desenho e pintura

Por Rosana Cintra, para a coluna Pesquisa Aplicada, na Nova Escola 

A dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões e as atividades de lazer. Quando falamos de dança, falamos da dança que está em nós desde o nosso nascimento, o ritmo que nos acompanha pela vida e as reações naturais do nosso corpo a ele, nossa expressão corporal. No caso das crianças, ao dançarem, elas expressam sentimentos, emoções e pensamentos.

Cabem, então, à escola e ao educador favorecerem momentos e ambientes para que essa prática aconteça de forma interdisciplinar, atingindo as expectativas da criança e possibilitando a ampliação de seus conhecimentos acerca de si mesma, dos outros e do meio em que vive.

Compreender o caráter lúdico e expressivo da dança infantil poderá auxiliar o professor a organizar melhor a sua prática, levando em conta as necessidades, curiosidades e motivações das crianças. A organização dos conteúdos para o trabalho com a dança deverá respeitar as diferentes aptidões dos alunos em cada faixa etária. Deve-se ter um processo contínuo e integrado, envolvendo múltiplas experiências corporais, como imitações, dramatizações e interpretação gestual e facial da música.

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É muito importante que o professor tenha conhecimento dos diversos significados que essa prática proporciona às crianças, ajudando-as a terem a percepção adequada de seus recursos corporais, possibilidades e também de suas limitações, dando-lhes condições de se expressarem com liberdade.

O cuidado com a escolha do repertório musical, de seus significados e da cultura local, regional e nacional são fatores importantes, juntamente com a pesquisa de movimentos e a liberdade de criação dos alunos intérpretes e criadores.

Trabalhar com dança e movimento permite desenvolver aspectos da interdisciplinaridade. Portanto, nada mais óbvio que a dança estar presente na escola, não apenas em festas comemorativas, mas como um recurso para favorecer a criatividade da criança, que está na fase da descoberta, da curiosidade. O trabalho com a dança beneficia a consciência corporal, para que a criança compreenda o que passa com ela, conseguindo expressar seus desejos de modo simples e natural.

Embora a dança tenha ganhado espaço educativo no campo da arte, na prática, nas salas de aula, ela ainda é pouco utilizada. “O paradigma do ensino de arte vinculado às artes visuais, vem se mantendo há bastante tempo no ensino e, o próprio termo de arte vincula-se frequentemente ao universo do desenho, da pintura, da escultura […]” (STRAZZACAPPA apud CINTRA e PELICIONE 2009, p. 78). A escola deve se conscientizar que a aula de arte não se resume apenas ao desenho e à pintura, deixando de lado as outras modalidades artísticas.

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Segundo Steinhilber (2000, p.8): “Uma criança que participa de aulas de dança […] se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no processo de alfabetização”.

A dança como processo de aprendizagem busca o desenvolvimento não apenas das capacidades motoras das crianças como de suas capacidades imaginativas e criativas. Segundo CINTRA, R. (1999, p.46) a dança desenvolve diversos estímulos:
1. TÁTIL – Sentir os movimentos e seus benefícios para seu corpo;
2. VISUAL – Ver os movimentos e transformá-los em atos;
3. AUDITIVO – Ouvir a música e dominar o seu ritmo;
4. AFETIVO – Emoções e sentimentos transpostos na coreografia;
5. COGNITIVO – Raciocínio, ritmo, coordenação;
6. MOTOR – Esquema corporal.

Todos esses elementos são fundamentais para qualquer ser humano, mas, principalmente, para uma criança que está conhecendo ambientes e objetos novos, e fazendo novas amizades. Silveira, Levandoski e Cardoso (apud Nanni, 2008) ressaltam que a dança, como meio de educação do movimento, contribui para o desenvolvimento das funções intelectuais como atenção, memória, raciocínio, curiosidade, observação, criatividade e exploração.

Rosana Carla Cintra é pedagoga, pós-doutora em psicologia da Educação pela Universidade de Lisboa e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), onde lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Especial e Múltiplas Linguagens (GEPEMULT).

Acesse o texto no site da Nova Escola 

Para saber mais:

BRASIL. Ministério da educação e do desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares em Arte/Dança livro 6 – Brasília: MEC/SES, 1998.

CINTRA,. R.C.G.G; PELICIONE, D. A dança e o lúdico: atividades da criança no processo ensino/ aprendizagem. In: Tempos e contratempos no espaço da educação infantil. Campo Grande MS. 2009. Editora UFMS.

CINTRA, R.C.G.G. Educação Especial X Dança: um diálogo possível. Campo Grande. Ed UCDB. 1999.

FREITAS, L.M. O ensino da dança nas escolas municipais de Corumbá-MS: realidade e contradição. 2011. 96 f. Dissertação (Mestrado em Educação Social)-Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá, 2011.

PRIORE, M. D. História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 2002.

SILVEIRA, R.P; LEVANDOSKI, G.; CARDOSO, F.L. A dança infantil enquanto expressão. Revista Digital: Buenos Aires, nº 121, 2008. Acesso em: 10 mar. 2012.

STEINHIBER, J. Dança para acabar com a discussão. Conselho Federal de Educação Física-CONFEF, Rio de Janeiro, n.5 p. 8, nov/dez. 2000.