Opinião | TIMSS 2023: mais de 15% dos alunos não conseguiram fazer a prova
Postado em 05/12/2024 06:00
Ernesto Martins Faria*
Foram divulgados, nesta quarta-feira, os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês), conduzido pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que também realiza o Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), outra avaliação internacional de grande credibilidade. Os resultados mostram como a matemática é a disciplina com mais desafios no país, pelo menos em comparação a ciências e leitura. Mas, mais do que o resultado ruim, algo chama ainda mais atenção: o alto percentual de estudantes brasileiros que não conseguiu fazer a prova.
Na divulgação da IEA, os resultados do Brasil aparecem com uma nota de rodapé, que diz: “Reservations about reliability because the percentage of students with achievement too low for estimation exceeds 15%”. Traduzindo, esse texto diz que há uma parcela de estudantes com desempenho tão baixo que não é possível saber a situação de aprendizagem deles. Nos apêndices do estudo, há mais informações sobre esse dado: é sinalizado que 16% dos alunos brasileiros do 4º ano e 18% dos alunos do 8º ano tiveram desempenho igual ou menor do que o esperado por um aluno que chutasse todos os itens de múltipla escolha. O texto indica também que 5%, entre todos os alunos brasileiros que fizeram a prova, erraram todas as questões. Ou seja, são alunos que mesmo quando chutaram sempre erraram.
Para esses resultados existem duas hipóteses: a) ou todos os itens da prova são muito difíceis para um percentual significativo de alunos brasileiros; ou b) uma parcela relevante dos estudantes não se engajou com a prova, a fez de qualquer forma e no menor tempo possível. A comparação com o desempenho em ciências sugere que a explicação vai além da falta de engajamento. Em ciências, embora também haja dificuldades, 9% dos alunos do 4º ano e 6% dos alunos do 8º ano tiveram desempenho igual ou inferior ao que teriam se tivessem chutado todas as questões da prova. Percentuais altos, mas bem menores que os de matemática.
Leia o artigo completo no Correio Braziliense.
*Diretor-fundador do Interdisciplinaridade eEvidências no Debate Educacional (Iede)