Nexo | A urgência de olhar para a Matemática no Ensino Fundamental
Por Ernesto Martins Faria e Lecticia Maggi*
No dia 4 de dezembro, foram divulgados os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês) 2023, realizado pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA). Trata-se de uma das principais avaliações de aprendizagem do mundo, aplicada, desde 1995, a alunos do 4º e do 8º ano do Ensino Fundamental, sendo essa edição a primeira com a participação do Brasil. O ingresso ao TIMSS representa um marco importante, nos possibilitando ter, pela primeira vez, um diagnóstico sobre a situação do nosso Ensino Fundamental em perspectiva internacional, especialmente em comparação aos países desenvolvidos. Mas, afinal, o que descobrimos com essa avaliação?
Muita coisa! Os dados do TIMSS explicitam urgências da educação brasileira, das quais destacamos três: 1. O baixo nível de aprendizagem dos estudantes brasileiros já nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com desempenho muito inferior ao obtido por alunos dos países desenvolvidos; 2. A gravidade do cenário de matemática, com resultados destacadamente piores que os de ciências; e 3. A grande dificuldade do país em promover equidade, sendo as pontuações nas duas disciplinas consideravelmente piores nas regiões mais vulneráveis do país. Outro ponto importante é o impacto da pandemia na aprendizagem, embora o fato de essa ser a primeira edição com a participação do Brasil limite um pouco a análise.
Em relação aos anos iniciais do Ensino Fundamental, chama a atenção o quão atrás o Brasil está de outros países já no 4º ano do Ensino Fundamental: em matemática, 103 pontos nos separam da média internacional, enquanto em ciências são 69. E não se trata apenas de ter um resultado mais baixo que o dos países desenvolvidos: análise realizada pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) mostra que o Brasil tem um desempenho muito abaixo do esperado no 4º ano dado o seu PIB per capita. O Brasil está atrás de Irã, Albânia e Macedônia do Norte nas duas disciplinas, mesmo que essas nações tenham uma situação econômica pior que a nossa.
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*Diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e diretora de projetos no Iede