Plataforma Mapa da Aprendizagem traz dados do Brasil e do mundo no Pisa
Site permite a comparação das médias dos estudantes por nível socioeconômico, sexo e carreira esperada
O Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Fundação Lemann e o Itaú BBA lançou a plataforma de dados educacionais Mapa da Aprendizagem, que permite comparar as médias dos estudantes no Pisa 2015 por nível socioeconômico, sexo e carreira esperada (se há intenção de ser professor ou não). No caso do Brasil, há os dados por região e estado.
O site traz tanto a média dos alunos nas cinco áreas avaliadas – ciências, leitura, matemática, resolução colaborativa de problemas e educação financeira – como também o percentual de alunos com aprendizado adequado. Isto é, aqueles que chegaram ao menos no nível 3.
A intenção ao permitir a comparação por nível socioeconômico e sexo é discutir sobre as desigualdades presentes na educação. No Brasil, por exemplo, apenas 17,2% dos estudantes têm aprendizado adequado em ciências – percentual que cai para 9,4% quando olha-se especificamente para os alunos de baixo nível socioeconômico, e sobe para 44,8% no caso daqueles de nível socioeconômico alto.
“A plataforma visa a dar visibilidade aos avanços que temos que ter na área da educação. Ao passo que melhoramos um pouco, todos os nossos estados ainda estão muito longe de alcançar um bom patamar em perspectiva internacional. Mesmo o melhor estado do Brasil no Pisa, o Espírito Santo, está atrás do Chile, por exemplo. Neste estado, apenas 29% dos alunos têm o aprendizado que deveriam ter em ciências”, explica Ernesto Faria, diretor-fundador do Iede.
No filtro carreira esperada, os usuários conseguem visualizar as médias de quem espera ser professor e quem espera seguir outra carreira de nível superior. As informações são baseadas em uma pergunta do questionário do Pisa sobre a profissão que o estudante espera ter aos 30 anos de idade. Neste caso, a ideia é fazer uma discussão qualificada sobre atratividade da carreira docente no Brasil, já que, em todas as cinco áreas avaliadas, quem espera ser professor tem desempenho inferior àqueles que esperam seguir outras carreiras. Isso em um cenário de muitos desafios, em que a média geral já é bastante baixa. Enquanto 14,5% dos estudantes que querem seguir outras carreiras têm desempenho adequado em matemática, entre quem espera ser professor o percentual cai para 6,8%. Nos países que se destacam por seus sistemas de ensino, a situação é diferente: no Japão, por exemplo, 85% dos alunos que esperam seguir a carreira docente têm desempenho adequado em matemática, contra 80,7% dos que esperam seguir outras profissões.
O Mapa da Aprendizagem traz também dados sobre o perfil dos alunos, por exemplo, se eles esperam obter notas altas em todas ou na maioria das disciplinas, se esperam concluir o ensino superior, e se seus pais têm interesse por suas atividades escolares, entre outras questões.
“O principal avanço que temos que ter é em relação ao combate às desigualdades. Somente um a cada 22 alunos de baixo nível socioeconômico tem aprendizado adequado em matemática aos 15 anos. Precisamos olhar mais para as desigualdades na nossa educação e ter políticas públicas com intencionalidade para resolvê-las”, completa Faria.
O site pode ser acessado pelo link http://mapadaaprendizagem.com.br/
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