Iede participa do seminário Alfabetização 360º, promovido pelo Instituto Ayrton Senna
“A gente pode e deve buscar fazer muito mais nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, defendeu Ernesto Faria, diretor-fundador do Iede
O diretor-fundador do Iede, Ernesto Martins Faria, foi um dos convidados do seminário Alfabetização 360º, promovido pelo Instituto Ayrton Senna, no dia 28 de maio, em São Paulo (SP). Faria participou da mesa “Avaliação da Alfabetização”, e teve a possibilidade de colocar em debate os resultados dos estudantes brasileiros em avaliações internacionais: “A gente pode e deve buscar fazer muito mais nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Com Saeb e Ideb, a gente começou a ficar mais animado com os avanços dos anos iniciais, mas as avaliações internacionais recentes mostram que estamos muito atrás dos países desenvolvidos”.
Faria se refere ao PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura) e ao TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências), ambos organizados pela IEA (Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional), e que tiveram a participação do Brasil, pela primeira vez, em suas últimas edições.
Nas duas avaliações, o País teve um desempenho preocupante, que acendeu ainda mais o alerta sobre o nível de exigência das avaliações nacionais. No PIRLS, o Brasil obteve média de 419 pontos, à frente somente de Jordânia, Egito e África do Sul, sendo que 39% dos estudantes não chegaram ao patamar mínimo esperado (400 pontos). No TIMSS, a situação é ainda mais desafiadora: 51% não chegaram à pontuação mínima. E por que essas comparações são importantes?
“O olhar da comparação é que a gente quer que qualquer criança, independentemente do bairro dela, da etnia, tenha aprendizados que gerem oportunidades de cidadania e transformação social. Buscar uma barra alta para alunos da rede pública é uma questão de direito”, defendeu Faria.
Para ele, mais do que almejar que o Brasil tenha a mesma média de países desenvolvidos, como Alemanha em Finlândia, por exemplo, algo pouco factível no curto prazo, é preciso garantir que nenhum aluno fique abaixo do patamar mínimo. No TIMSS, 16% tiveram desempenho igual ou menor do que o esperado se chutassem todas as questões, ou seja, não acertaram nem mesmo os itens mais fáceis — algo inaceitável.

Faria discute resultados do Brasil no Saeb e em avaliações internacionais
O painel teve a participação de Josiane Toledo e Lina Kátia, do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd); Roberta Biondi, pesquisadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação e Economia Social da FEA-RP (Lepes); Renato Feder, secretário de Educação do Estado de São Paulo; e Márcia Bernardes, coordenadora do Programa de Alfabetização do Estado de SP. A mediação ficou a cargo da professora Maria Helena Guimarães de Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
O evento teve outros três painéis, que discutiram políticas de Alfabetização hoje no Brasil, elementos que contribuem para uma alfabetização plena e formação de professores. O seminário está disponível na íntegra no Youtube.