Hora de reavaliar a avaliação escolar
Paulo de Camargo – 15/07/2025
Há 35 anos, em 1990, a educação brasileira dava um passo que marcou todas as políticas desenvolvidas desde então: era lançado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), estruturando um conjunto de avaliações em larga escala e abrindo caminho para as iniciativas posteriores que se tornaram conhecidas da sociedade brasileira, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 1998, e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2007. Com o mérito de ter se tornado uma rara e inovadora política de Estado, atravessando governos de diferentes espectros ideológicos, e de ter disseminado uma cultura avaliativa, o Saeb agora é pressionado a se movimentar para se adaptar aos novos tempos.
“O Saeb permitiu a construção de uma linha de base para avaliarmos a evolução da educação. Mas, em termos de estrutura, as avaliações mudaram pouco, o que é ruim, se pensarmos o quanto o mundo mudou, a tecnologia avançou, inovações no campo da avaliação surgiram”, avalia o pesquisador Ernesto Faria, diretor do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede).
Para dar uma dimensão dessa estagnação, basta olhar para o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), criado uma década após o Saeb. Desde sua criação, o Pisa não parou de mudar, e introduziu novas matrizes de avaliação, buscou capturar a evolução de competências mais complexas, como a criatividade, ampliou os questionários para conhecer a vida dos alunos, dos professores e dos gestores, e introduziu inovações para provas em larga escala, como questões abertas.