- Por: Larissa Teixeira, Paula Peres
Para garantir que os alunos aprendam, toda a comunidade escolar precisa estar envolvida na construção e na aplicação do projeto político pedagógico (PPP). E isso inclui a participação ativa do diretor, responsável por administrar a escola, supervisionar o trabalho da equipe e assegurar que a formação dos professores se reflita em resultados na sala de aula.
Com o objetivo de entender como algumas práticas de gestão escolar estão relacionadas com a aprendizagem, pesquisadores da Universidade de Stanford entrevistaram diretores de 1800 escolas de Ensino Médio de oito países em 2015, entre eles Reino Unido, Canadá, Suécia, Brasil e Índia. Eles identificaram que, quanto mais altos os níveis de gestão, melhor o desempenho dos alunos em exames padronizados. No Brasil, por exemplo, foram avaliados os resultados do Enem e da Prova Brasil.
Segundo os pesquisadores, entre as medidas adotadas pelas melhores instituições estão a definição de objetivos e metas de aprendizagem; o monitoramento e o uso de dados para identificar as dificuldades dos alunos; a incorporação de boas práticas de ensino; a valorização dos professores e a capacidade de incentivar e reter os melhores talentos.
Angela Luiz, coordenadora pedagógica da Área de Gestão da Comunidade Educativa Cedac, explica que a parceria da dupla gestora é fundamental para criar estratégias e intervenções que atendam às necessidades dos estudantes. “Enquanto o diretor assegura o espaço e os recursos para a formação docente, o coordenador deve estar mais próximo à sala de aula e aos resultados dos alunos”, aponta. Ela destaca que, embora o diretor tenha outras demandas, como processos administrativos e financeiros, todas as suas atividades precisam estar a serviço da aprendizagem.
Os docentes podem utilizar instrumentos de avaliação para registrar as habilidades e o desenvolvimento das turmas – informações que serão úteis para que o coordenador e o diretor identifiquem melhorias, segundo Angela. “O gestor deve analisar esses dados de forma colaborativa com toda a equipe para, depois, definir um plano de ação, estabelecer metas e buscar os recursos necessários para colocá-las em prática”, diz.
Liderança e bom clima escolar
Ernesto Faria, diretor do Iede e doutorando em Organização do Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores na Universidade de Coimbra, acrescenta que o diretor tem um papel de liderança dentro da escola para garantir um bom clima escolar. “O gestor deve inspirar e nortear o trabalho da equipe, favorecendo uma boa relação entre a dupla gestora e os professores. Além disso, deve estar engajado com o que está sendo feito na sala de aula e ter clareza das ações que precisam ser colocadas em prática”, explica.
O uso de dados sobre a aprendizagem também pode ajudar o diretor a oferecer suporte para os professores, auxiliar os alunos dentro e fora de aula e facilitar a relação com as famílias, afirma o diretor do Iede.
Na EREM Alberto Torres, em Recife (PE), a diretora Girselha da Silva Queiroz pediu para que seus professores fizessem o planejamento de aulas em conjunto, o que mudou a relação dos alunos com o conteúdo. A prática também serviu para os docentes de todas as disciplinas refletirem sobre os resultados da escola no Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE), que avalia o desempenho dos alunos nas disciplinas de Português e Matemática.
Com esses dados em mãos, Girselha transformou os gráficos em intervenções para as aulas, em parceria com os docentes. “O coordenador e o diretor são mediadores e facilitadores desses encontros entre os professores, momento em que podem trocar e produzir conhecimento”, reflete a diretora.
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