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Esta página traz livretos, análises e artigos sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no Saeb, no Ideb, no Pisa e no Pirls, além de dados do Indicador de Permanência Escolar, criado pelo Iede para mensurar o total de crianças e jovens que abandonam a escola sem ter concluído a Educação Básica.

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Contribuições ao Debate - Finanças Femininas 10/10/2018

Meninas se saem melhor do que meninos em competência financeira, diz estudo

Nos seus tempos de escola você se saia melhor quando o assunto era finanças ou outras matérias relacionadas à matemática? Um estudo inédito no país revelou que meninas têm um desempenho maior em competência financeira, enquanto os meninos obtêm resultados melhores em matemática.

As informações foram obtidas pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) através dos resultados do último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de 2015. Na prova, as meninas obtiveram uma média de 397,5 pontos em competência financeira, enquanto os meninos ficaram com uma média de 389,2 pontos.

Já em matemática a situação se inverte: elas obtiveram uma média de 369,5 pontos, ao passo que os meninos registraram uma média de 385 pontos. “Alguns fatores específicos podem contribuir para que os meninos consigam resultados ainda piores. As meninas, por exemplo, adquirem responsabilidades mais cedo e, por conta disso, estão mais inteiradas nas questões financeiras-familiares”, comenta Ernesto Faria, diretor fundador do Iede.

Os dados obtidos a partir do questionário do Pisa aplicado aos estudantes mostram que, de fato, as meninas participam mais da vida financeira em casa. Enquanto 33,4% delas discutem questões financeiras com os pais ou responsáveis quase todos os dias, entre os meninos, o percentual é de 23,6%. As meninas também se mostraram mais controladas nos gastos: quando não têm dinheiro para comprar algo que querem, 16,8% não compram. Já entre os meninos, o percentual é de 12,9%.

Ao todo, 23.141 estudantes de 841 escolas, espalhadas por todos os estados brasileiros, fizeram o exame. Desses, 12.073 são meninas e 11.068, meninos. Centro-Oeste, Sul e Sudeste são as regiões com maior diferença entre meninas e meninos. Já no Norte e Nordeste não há, estatisticamente, diferença entre os gêneros.

Brasil é o pior país em competência financeira

Por mais que as meninas estejam na frente no assunto finanças, o Brasil ocupou o último lugar de desempenho em competência financeira. A nota média do País foi 393,5, abaixo dos 400 considerados o mínimo suficiente para que o estudante consiga se integrar na sociedade e tomar decisões que o beneficie financeiramente.

Os três primeiros lugares ficaram com Canadá (533,2), Austrália (504) e Estados Unidos (487,5). Em penúltimo lugar encontra-se o Peru, com uma média de 402,7 pontos.

Dos 23.141 estudantes brasileiros avaliados, 12.691 ficaram abaixo desse nível. De acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dentre os estudantes que participaram da avaliação, 77% estavam matriculados no ensino médio.

Aplicado a alunos de 15 anos dos 35 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 35 economias parcerias da organização, como o Brasil, o Pisa avalia conteúdos de matemática, português e ciências. Em 2015, a prova foi aplicada a 540 mil estudantes que, por amostragem, representam os 29 milhões de estudantes desses locais.

“A diferença entre meninos e meninas do Brasil não é tão significativa assim. Então, se apenas as meninas tivessem feito a avaliação de competência financeira do Pisa, o Brasil ainda seria o pior país entre os avaliados. As meninas brasileiras tiveram uma média de 397 pontos, o Peru teve uma média de 402 e o Chile de 432. Isso significa que os resultados das meninas são melhores que dos meninos no Brasil, mas eles também não são bons”, ressalta Faria.

Diferença de resultado entre as regiões brasileiras

A diferença dos resultados também pôde ser percebida entre os estados brasileiros. O Sul foi a região mais bem avaliada, com uma média de 412,2 pontos, seguida pela região Centro-Oeste, com 406 pontos.

Já a região Sudeste ficou com uma média de 394,3 pontos, enquanto o Norte teve 387,3 pontos. O Nordeste alcançou uma média de 380,8 pontos. Mesmo localizados em regiões com os piores desempenhos, Amazonas e Ceará se destacaram, obtendo, respectivamente, 405,5 e 402,5 pontos. O estado que se saiu melhor foi o Espírito Santo, com uma média de pontos de 426,8. Caso fosse um país, o estado superaria o Peru.

Educação financeira aplicada na prática

Dos estudantes brasileiros avaliados, 36,4% tiveram curso ou matéria específica na escola para aprender a lidar com o dinheiro e 32,3% tiveram educação financeira de forma interdisciplinar, junto a outras matérias. Pouco mais da metade (52,3%) fez algum curso ou atividade para aprender a lidar com o dinheiro fora da escola.

Mesmo com o baixo desempenho na avaliação, a maior parte dos estudantes afirmaram que economizam quando não tem dinheiro para comprar algo – 54,6% escolheram essa opção. Apenas 14,9% disseram que não compram. As outras opções foram comprar com dinheiro que seria usado para o outro fim (10,5), pedir emprestado a um familiar (13,9%) ou para um amigo (6,1%).

Faria explica que as escolas que obtiveram maior desempenho buscaram unir o cotidiano do aluno com as práticas pedagógicas da escola. “É necessário que isso faça sentido, o exercício precisa estar ligado com situações reais do dia a dia. Não pode ser uma aula expositiva e alguns exercícios sobre competência financeira.”

Para ele, a competência financeira precisa conversar com a realidade. “É importante ter ações mais direcionadas à competência financeira e que ela possa aparecer na discussão de outras competências e outras disciplinas. Levar para sala de aula os debates sobre o uso do cartão de crédito, compras no mercado, investimentos e trabalhar a curiosidade em questões que os jovens têm um interesse espontâneo. Mas é preciso começar desde cedo, ainda no ensino fundamental. Não dá para tentar resolver no terceiro ano do ensino médio”, conclui.

Acesse o texto no site Finanças Femininas

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