artigo: Não existe alfabetização plena sem matemática; leia análise
É preciso respeitar as habilidades necessárias para o desenvolvimento infantil
Por Enesto Martins Faria e Katia Smole – 31/05/2023 21h33
O Ministério da Educação (MEC) divulgou na quarta-feira, 31 de maio, diretrizes para a política nacional de alfabetização, a partir dos resultados da pesquisa Alfabetiza Brasil. O estudo consultou professores e especialistas das cinco regiões do país para “coletar informações a respeito do conjunto de competências que caracterizam o estudante alfabetizado”. Apenas as habilidades de língua portuguesa foram abordadas nessa consulta.
É positivo o movimento do MEC de fazer reflexões sobre o que é alfabetização com educadores de diferentes localidades. O esforço de uma interpretação pedagógica, com olhar nacional, é muito importante. Mas é preciso também respeitar as habilidades necessárias para o desenvolvimento infantil, em especial aquelas já previstas com caráter de regulamentação nas diretrizes do ensino fundamental de 9 anos, que incluem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
É grave a não inclusão de matemática na pesquisa por várias razões: a BNCC prever a alfabetização matemática de forma intencional e progressiva, por pouco engajamento dos estudantes em matemática no país, pelos resultados em avaliações internacionais, como o Pisa, em que os alunos brasileiros se saem pior na disciplina do que em leitura e ciências. Não priorizar matemática nos anos iniciais do ensino fundamental é não combater desigualdades educacionais importantes, manifestadas na queda de 11 pontos na proficiência no 5º ano, segundo dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021.