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Esta página traz livretos, análises e artigos sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no Saeb, no Ideb, no Pisa e no Pirls, além de dados do Indicador de Permanência Escolar, criado pelo Iede para mensurar o total de crianças e jovens que abandonam a escola sem ter concluído a Educação Básica.

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Contribuições ao Debate - Estadão 15/08/2024

Análise | Ideb 2023 traz alerta sobre Matemática e dúvidas sobre aprovação escolar

Dados sugerem que a pandemia, que causou o fechamento das escolas brasileiras por um longo período, teve impacto negativo

Por Ernesto Martins Faria e Lecticia Maggi, para o Estadão

O Ministério da Educação (MEC) divulgou, nesta quarta-feira, 14, os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023, o principal indicador de qualidade da educação no País (Ideb). Os dados sugerem que a pandemia de covid-19, que causou o fechamento das escolas brasileiras por um longo período, teve impacto negativo, em especial, na aprendizagem de Matemática. Outro destaque é o importante avanço nas taxas de aprovação escolar entre 2019 e 2023.

Ao passo que, em Língua Portuguesa, as médias dos estudantes, em 2023, ficaram próximas às obtidas pelos alunos avaliados em 2019, no contexto pré-pandêmico; em Matemática, a situação é um pouco diferente. No 9º ano do ensino fundamental, a diferença entre as notas foi de 6,3 pontos (265,2, em 2019, versus 258,9, em 2023). No 3º ano do ensino médio, foi de 5,6 (272,9 versus 278,5).

Pode parecer pouco, mas não é irrelevante e indica, principalmente, que esses estudantes tiveram dificuldade de recuperar conhecimentos e habilidades não consolidados em decorrência da crise sanitária. Mesmo após quase 2 anos da retomada das aulas presenciais (afinal, foram avaliados em 2023), ainda não estavam no mesmo patamar na disciplina daqueles alunos que fizeram a prova em 2019.

Em relação à aprovação escolar, durante a pandemia as taxas de aprovação aumentaram devido ao continuum curricular (flexibilização dos currículos das redes para desenvolvimento contínuo das aprendizagens de 2020 a 2022), que surge em uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE). Neste ano, havia o receio de que o Ideb 2023 fosse impactado por taxas de aprovação mais baixas, similares às registradas em 2019. Surpreendentemente (e felizmente), não foi o que aconteceu. Os anos iniciais e finais tiveram taxas de rendimento (aprovação) superiores às de 2019, enquanto o ensino médio teve um índice mais alto, inclusive, ao de 2021 (0,92 x 0,90).

Dessa maneira, impulsionadas pelas taxas de aprovação, os anos iniciais do ensino fundamental e o ensino médio tiveram um Ideb ligeiramente mais alto que o de 2021: 6,0 x 5,8, nos anos iniciais; e 4,3 x 4,2 no ensino médio. Nos anos finais, mesmo com a taxa de aprovação próxima a de 2021, o Ideb foi menor: 5,0 ante 5,1, indicando o cuidado que essa etapa requer.

O aumento das taxas de aprovação é algo importante e combater a cultura de reprovação, indubitavelmente, deve ser um compromisso de todos. Contudo, precisamos entender o quanto essas taxas são verdadeiramente positivas e não escondem, por exemplo, altos índices de evasão. Acesse aqui e leia a análise completa no Estadão