Documento propõe que PNE valorize o ensino de Matemática na Educação Básica
O novo Plano Nacional de Educação (PNE), que vai definir as diretrizes para as políticas educacionais do Brasil até 2034, está em discussão no Congresso Nacional. Após ser aprovado, o documento se tornará lei e deverá guiar as ações de redes de ensino municipais, estaduais e do governo federal. No entanto, há uma grande ausência no texto em discussão na Câmara: o ensino de Matemática na Educação Básica, mesmo com a situação crítica de aprendizagem na disciplina evidenciada por avaliações nacionais e internacionais. Com o objetivo de colaborar com essa discussão, o Iede e o Instituto Ayrton Senna elaboraram um documento que mostra a necessidade de reforçar o ensino de Matemática no PNE e traz sugestões de como esse tema poderia ser abordado em diferentes metas e estratégias.
Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 2023, apenas 5% dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, na rede pública, tinham aprendizado adequado em Matemática. Nas outras etapas, a situação também é crítica: 16% de aprendizado adequado no 8º ano do Ensino Fundamental e 44% no 4º ano do Fundamental. Além disso, em perspectiva internacional, o Brasil aparece nas últimas posições quanto ao percentual de estudantes com aprendizado em matemática. É o que mostra, por exemplo, o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS, na sigla em inglês). Dos 63 países com resultados no TIMSS para o 4º ano do Fundamental, o Brasil superou apenas Kuwait e África do Sul. No 8º ano, ficou à frente apenas da Costa do Marfim. Nessa etapa, apenas 38% dos estudantes brasileiros atingiram o nível básico na prova de Matemática.
Por isso, acreditamos que é necessário que o PNE 2024–2034:
-Incorpore metas e estratégias específicas para a aprendizagem matemática na Educação Básica, com acompanhamento sistemático de resultados;
-Estabeleça estratégias para a recomposição das aprendizagens, especialmente em Matemática, onde as perdas foram mais acentuadas;
-Preveja ações estruturantes de formação inicial e continuada de professores de Matemática, integrando práticas pedagógicas inovadoras e baseadas em evidências;
-Inclua políticas de equidade, com ênfase no combate às desigualdades de aprendizagem em Matemática por raça, gênero, território e condição socioeconômica.
Para isso, propomos a inclusão e revisão de metas e estratégias em diferentes Objetivos do PNE:
Objetivo 3 – Alfabetização: considerando o papel fundamental do desenvolvimento matemático no processo de alfabetização plena;
Objetivo 5 – Ensino Fundamental e Ensino Médio: com metas específicas para o percentual de alunos com o aprendizado adequado em Matemática e estratégias de intervenção pedagógica;
Objetivo 8 – Educação Escolar Indígena, Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola: com programas voltados à redução das desigualdades no acesso e na aprendizagem em Matemática
O documento preparado pelo Iede e Instituto Ayrton Senna traz sugestões de ajustes nos textos das metas, de modo a deixar evidente a atenção necessária ao ensino de Matemática na Educação Básica.
Conheça alguns de nossos estudos e análises sobre o aprendizado de Matemática:
“O cenário do ensino de matemática no Brasil: o que dizem os indicadores nacionais e internacionais”
“O ensino e a aprendizagem de Matemática no Brasil: desafios, boas práticas e impacto da OBMEP”