Cancelamento do Censo Demográfico do IBGE traz graves prejuízos ao país
O anúncio de que o governo federal não prevê orçamento para o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi recebido com consternação e indignação pelo Iede.
Os prejuízos ao país são incontáveis e de diferentes dimensões. Além da quebra da série histórica, fundamental para o acompanhamento de estatísticas nacionais, há questões mais urgentes, como o impacto direto na distribuição de recursos que dependem de dados fornecidos pelo Censo, como é o caso dos coeficientes de repasse do Fundo de Participação dos Municípios, que é relacionado ao total de habitantes de cada cidade.
Ademais, um apagão de dados é um apagão de estratégia e gestão a curto, médio e longo prazo. Só se melhora e se governa com eficiência aquilo que se conhece. Indicadores e dados são a base de qualquer tomada de decisão responsável na esfera pública. É por meio deles que conseguimos diagnosticar necessidades, dificuldades e desafios na educação, na saúde, na habitação, na assistência social, na economia, na segurança. Um país que não olha para si mesmo não consegue traçar metas nem planos em nenhuma dessas áreas.
É preciso lembrar ainda que a pandemia agravou todas as nossas mazelas sociais. Um levantamento da dimensão e precisão do Censo seria a base do retrato desse Brasil, chegando a todos os lares e residências do nosso vasto e desigual território.
Enxergarmos as diferentes realidades brasileiras como elas são é a base para agirmos nas esferas municipal, estadual e federal. Para que haja compromisso político e social em torno de um país mais equânime, é preciso olharmos para esse país com diversas lupas que só os indicadores podem nos fornecer.
Justiça social não se faz por meio de achismos, opiniões e percepções. É preciso estratégia, conhecimento e ciência. E os dados do Censo representam exatamente isso.
*Crédito da foto: acervo IBGE