Artigo | Resultado de novo estudo confirma cenário crítico da educação brasileira desde os anos iniciais
4.dez.2024
Ernesto Martins Faria é diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede)
Foram divulgados nesta quarta-feira (4) os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS), conduzido pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições e agências internacionais de pesquisa. Trata-se de uma avaliação internacional de aprendizagem em matemática e ciências, realizada desde 1995, e consolidada em diversos países desenvolvidos.
A edição de 2023 marcou a estreia do Brasil no estudo, permitindo ao país ter mais dados sobre a qualidade da educação brasileira em comparação com o cenário internacional.
Antes dessa participação, a principal referência externa sobre o desempenho dos estudantes brasileiros era o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a jovens de 15 e 16 anos. Com a adesão ao Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) em 2021 e agora ao TIMSS, o Brasil passa a ter mais indicadores internacionais de qualidade, abrangendo os anos iniciais e finais do ensino fundamental. Contudo, esse diagnóstico mais amplo confirma uma realidade preocupante: as dificuldades de aprendizagem no Brasil já estão presentes desde os primeiros anos de escolaridade.
Os resultados do PIRLS já haviam evidenciado desafios críticos em leitura. Apenas 62% dos alunos brasileiros do 4º ano do ensino fundamental atingiram o nível básico de aprendizado, enquanto a taxa foi superior a 95% em países como Espanha, Holanda, Inglaterra, Itália e Polônia. Agora, o TIMSS reforça o diagnóstico negativo, mostrando que em ciências apenas 61% dos alunos brasileiros alcançam o nível básico de aprendizado e que, em matemática, esse percentual é ainda menor, 49%.
Em termos práticos, isso significa que menos da metade dos alunos do 4º ano dominam habilidades fundamentais, como adição e subtração de números inteiros de três algarismos e operações básicas de multiplicação e divisão.