Pirls: avaliação internacional coloca o Brasil nas últimas posições em Leitura
Exame indica que estudantes brasileiros dos anos iniciais do Ensino Fundamental não vão bem em perspectiva internacional. Etapa precisa de atenção
Foram divulgados, nesta terça-feira (16), os resultados do Progress in International Reading Literacy Study (Pirls), uma avaliação global de leitura, aplicada a alunos do 4º ano do Ensino Fundamental de 65 países ou regiões. Conduzida pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA), é a única avaliação da etapa, com dados coletados durante a pandemia, e cujos resultados são comparáveis internacionalmente.
Acesse aqui um livreto produzido pelo Iede com análises dos resultados do Brasil no Pirls
O Pirls é realizado desde 2001 e esta é a primeira vez que o Brasil participa. Os resultados, no entanto, não são nada animadores: o País obteve uma média de 419 pontos em Leitura, à frente apenas de Jordânia (381), Egito (378) e África do Sul (288) e estatisticamente empatado, dentro do intervalo de confiança, com Irã (413), Kosovo (421) e Omã (429). Foi avaliada uma amostra representativa do País, composta por 4.941 estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental de 187 escolas (públicas e privadas) de todas as regiões. Os 10 países que obtiveram as pontuações mais altas foram: Singapura (587), Hong Kong (573), Rússia (567), Inglaterra (558), Finlândia (549), Polônia (549), Taiwan (544), Suécia (544), Austrália (540) e Bulgária (540).
Esses dados são importantes, especialmente, porque é a primeira vez que os estudantes brasileiros de 10 anos passam por uma avaliação internacional de Leitura. No Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) os anos iniciais do Ensino Fundamental são a etapa em que o País vai melhor e que mais apresentou avanços desde a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2007. Esses avanços são fruto de boas políticas públicas na área, implementadas pelas redes de ensino, como mais monitoramento e programas de alfabetização. Nos anos finais e no Ensino Médio os índices são muito mais desafiadores — somente 5% dos estudantes da rede pública terminam a Educação Básica com aprendizagem adequada em Matemática, por exemplo. Contudo, o PIRLS indica que mesmo os anos iniciais precisam de atenção. A etapa está longe de “estar resolvida” e o País apresenta índices muito aquém de nações desenvolvidas.
“O diagnóstico do Pirls contrasta muito com os resultados das últimas edições do Saeb. Ao passo que vemos em muitas redes de ensino alunos com alto desempenho no Saeb do 5º ano, mesmo em 2021 após a pandemia, o Pirls coloca o Brasil muito atrás dos países desenvolvidos. E esse é um sinal claro de que precisamos de avaliações mais rigorosas. Que exijam mais dos estudantes e que os exponham a textos mais longos e complexos”, analisa Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede.
De acordo com a escala de desempenho do Pirls, a partir de 625 pontos, os estudantes estão em um nível avançado; a partir de 550, nível alto; de 475, nível intermediário; e 400 pontos, nível básico. De acordo com o Inep, 38,4% dos estudantes não chegaram sequer ao nível básico de proficiência (obtiveram menos de 400 pontos). Na outra ponta, apenas 11% alcançaram o nível alto e 2,1% o nível avançado.
Alta correlação do nível socioeconômico com os resultados dos estudantes — O Pirls mostra alta correlação entre o nível socioeconômico dos estudantes e os resultados obtidos por eles. Os resultados indicam que: 5% dos estudantes do Brasil avaliados estão no patamar mais alto de NSE e eles tiveram média de 546 pontos; 31% estão num patamar intermediário e obtiveram média de 474 pontos; enquanto 64% têm nível socioeconômico baixo e a média deles foi de 390 pontos. Acesse aqui as médias por nível socioeconômico.
Acesse aqui um livreto produzido pelo Iede com análises dos resultados do Brasil no Pirls